terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Exposição Dessiner le design


Irmãos Bouroullec | primeiros sketch's para Vegetal Chair

Konstantin Grcic | sketch's para a Cadeira 360º
Jasper Morrison | sketch's para a Cadeira de pensar

Até ao dia 10 de Janeiro, o Museu de Artes Decorativas do Louvre apresenta a exposição Dessiner le design, onde é apresentado o papel do desenho no processo projectual de design de objectos.

Trabalhos seleccionados de designers contemporâneos, como Pierre Charpin, irmãos Bouroullec, Marc Newson, Konstantin Grcic, entre outros, nos quais não só se realça a importância do desenho no processo, mas também as linguagens diferentes que cada um fala com o papel durante o processo de criação.



Aproveito a oportunidade para acrescentar o valor que dou ao desenho no processo! Para mim no processo projectual o atributo máximo é a criatividade! Se ela se expressa através de texto, de desenho, de som, seja de que forma for, é sempre materialização de um processo ao qual uns chamam racional, outros chamam irracional, ainda outros dizem ser uma conjugação de pensamento convergente e divergente.

No campo do Design é claro que o desenho ganha uma maior expressão, por ser a forma, mais clara e próxima, do que se poderia entender por real, de materializar esse pensamento e raciocínio, por o potencializar, através da sugestão de tridimensionalidade, e portanto ajudar a uma maior visibilidade no espaço, e consequente melhoria do projecto. Sendo por isso mais fácil a um designer pensar, enquanto recorre ao desenho.

Para mim, modesta aspirante, o desenho tem toda esta importância, e se é para mim uma ferramenta que potencializa o que considero a deusa deste processo todo, A Criatividade, então é óbvio que reconheço todo o valor do desenho! Outra coisa a salientar, é o facto de toda e qualquer pessoa que vive muito em torno da criatividade, ter uma maior sensibilidade para tudo quanto a envolva, e por isso apreciar, música, literatura, pintura, escultura, desenho, dança, cinema, fotografia, e tudo aquilo que os comuns mortais chamam de arte! (Não querendo com isto dizer que aqueles cujo o trabalho não esteja directamente envolvido com criatividade, não estão sensíveis a isto tudo, porque criatividade todos a temos, uns desenvolvem-na mais que outros, uns apuram-na mais que outros, uns educam-na mais que outros, e há várias maneiras de o fazer, maneiras essas que podem ser conscientes ou inconscientes, mas isso dá pano para outras discussões.)


Com isto, quero corrigir um comentário que me foi feito: Eu não estou, nunca estive, etc, chateada com o desenho! Reconheço-lhe todo o valor, e por isso, isso seria impossível. O que acontece é que desenho também se apura, também se educa, porque não nascemos a saber andar, a escrever, ou a desenhar. Toda a criança sabe fazer rabiscos, e é ensinada a fazer círculos para representar o sol, todo o alfabetizado sabe escrever as letras, mas tem de ser ensinado a construir frases.

O que vou dizer a seguir penso ter como culpados muitos envolvidos, mas o primeiro a quem quero culpabilizar, é a cultura portuguesa! Em Portugal as crianças têm muito tempo para se dedicarem à matemática e ao português, e muito pouca carga horária para todas as disciplinas que se ocupam do desenvolver a criatividade, músicas, desenhos, danças, etc's,. e quando se chega à conclusão de que os resultados a matemática vão de mal a pior, o que é que o governo faz, aumenta a carga horária de matemática, e diminuí as outras! Errado! Errado! Se a matemática está mal, não é por culpa do professor ( na maioria das vezes) nem por culpa das capacidades cognitivas da criança! O problema está nos vários campos cognitivos que têm de ser desenvolvidos nas crianças, e isto incluí a criatividade. E isto está mais que provado. Está provado por exemplo que desenvolver a musicalidade, aumenta a noção espacial, para além de outras capacidades. Por tanto, para a melhoria da matemática, se calhar é preciso desenvolver o cérebro para a criatividade, e para a abstracção do real, para que este comece a perceber a multiplicação! E por aí vai.

Tudo isto para dizer que eu não sei até que ponto eu fui bem educada para o desenho, e não quero só falar na minha infância, na qual eu até acho que ela foi numas áreas mais, noutras menos, bem desenvolvida, mas desde o meu 7º ano que acho que a coisa começou a falhar a passos largos. Primeiro em carga horária. Depois, já na faculdade, começou o problema do que está certo e do que está errado. Uma coisa, e isso sim está errado, são erros de perspectiva, ou de sombreamento. Agora, não tenho bem a certeza até que ponto é que uma linguagem é melhor que outra. Porque cada pessoa tem o seu estilo, o seu punho pessoal, e o que eu sinto é que eu fui induzida a ter medo de desenhar, e isso sim, para mim, é assustador! Porque ao em vez de me terem ensinado formas de potencializar o meu desenho, formas de exercitar certas regras, como o que é que é mais escuro ou o que é que é mais claro, o que é que é mais recto, ou menos, e deixarem a apuração de estilo comigo, apenas conseguiram dizer que está errado, não o que é que poderia melhorar, mas o que está errado! Passei então a preocupar-me a fazer bem, e não a utilizar o que está bem, para definir um estilo. E eu pergunto-me até que ponto foi a forma acertada de me explicar as coisas. Porque o que eu sinto agora, é que está tudo errado! E tenho medo de desenhar, e por vezes até tenho os desenhos feitos, mas prefiro nem os mostrar, porque estão errados, e eu já sei antes de desenhar, que o desenho já está errado. E isso faz-me conter o raciocínio! O que acho preocupante! E neste momento estou numa fase em que uso o desenho PARA mim, sem querer mostrá-lo, se está errado ninguém vai ver, porque, se pelo contrário, eu sei que aquele desenho é para mostrar, fico bloqueada!

Já o computador, é uma ferramenta que manipulo razoavelmente bem, e portanto, sinto-me muito mais segura no computador, a desenhar no computador, a organizar trabalhos no computador, onde o meu olhar clínico é muito mais apurado, e onde manipulo muito melhor o que quero fazer, conseguindo de facto fazê-lo, umas vezes mais outras menos, mas faço com segurança!

Para concluir, eu não estou chateada com o desenho, eu sinto imensa necessidade dele, mas tenho um trauma muito grande quanto ao que está bem desenhado, ou mal desenhado. E isso é preocupante! Mas prometo ir procurar um psicólogo!

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